Entrevistas

Carmo David (Baiano)



Com 14 anos em 1953, Baiano iniciou sua carreira como jogador no São Lourenço, como todo garoto começou na reserva. Sua posição original era centroavante.


Trabalhava como alfaiate junto de um companheiro de futebol Everaldo.

Não é à-toa que atuava na posição, pois em um dos jogos dentro da cidade em que atuou pela primeira vez fez cinco gols, foram cobrados cinco escanteios e finalizou todos com sucesso, o jogo foi contra o Toriba outro clube tradicional da cidade de Matão.

“O árbitro falou que marcava pênalti, mas não marcava outro escanteio”, lembra.

Daí o garoto foi se destacando aos poucos, em jogos contra times da região de Matão.

Tinha tudo para dar certo, até que um dia o pai do atleta o saudoso Otacílio David "Otacilião", que comandava um time juvenil da cidade disse que iria até Araraquara para comprar equipamentos esportivos para seu time, daí a grande surpresa, Baiano foi junto e sem saber foi levado até a Ferroviária para treinar e fazer um teste. Pela qualidade demonstrada foi contratado pelo clube Araraquarense, passou por todas as categorias, Amador, Juvenil e Profissional, como era novo podia atuar em todas as categorias ao mesmo tempo.

“Passei atuar na equipe profissional em definitivo em 1959, onde fiz parte de uma das melhores equipes formada pela Ferroviária”, completa.

Ferrinha como é conhecida, não tomava conhecimento de nenhum time, ainda mais quando jogava com os grandes da capital.

“Fui com a Ferroviária em várias excursões para a Europa, como Portugal e Espanha”, conta.


O time era formado por atletas que ao longo da carreira se destacaram em grandes clubes do país, a formação era:

Rosan, Ismael, e Antoninho, Dirceu, Rodrigues, Cardareli, Faustino, Dudu, Baiano, Bazani e Belini.

Essa equipe da Ferroviária chegou a ficar em terceiro lugar na classificação do Campeonato Paulista e Vice-campeão em 1960.



Com os resultados alguns atletas da Ferrinha foram sondados por grandes clubes e Baiano foi contratado pelo São Paulo Futebol Clube em 1960.

Durante a trajetória no tricolor paulista não conquistou nenhum título, pois na década de 60 existia o Santos de Pelé e a Academia do Palmeiras. Sempre terminava as competições em segundo e terceiro lugar.

“Apesar de não conquistar nenhum título disputei 121 partidas e marquei 60 gols no São Paulo”, completa.

Com boas apresentações no São Paulo rendeu a Baiano à convocação para a tão sonhada Seleção Brasileira, onde atuou durante todo ano de 1961. Já em 62 ano da Copa do Mundo do Chile, esteve presente nas convocações e chegou se concentrar com o grupo que disputaria o Mundial, mas foi cortado às vésperas. Alegaram que Baiano sofria de problemas cardíacos, então foi substituído por Amarildo do Botafogo do Rio, que se não fosse o corte Baiano seria Bi-Campeão do Mundo com a Seleção jogando, pois Baiano era o reserva imediato de Pelé que se machucou durante a competição e Amarildo substituiu Pelé até o fim da Copa.


“Engraçado que médico disse que profissional não podia jogar, mas amador sim, vai entender. Continuei jogando pelo São Paulo por mais três anos até 1965”, lamenta.




Baiano faleceu no dia três de junho de 2019.

 

Dorvali Geraldo (Túlio)




Com 12 anos Túlio começou a frequentar os treinos do São Lourenço a partir de 1956/57. Sua trajetória no clube foi marcante graças aos ensinamentos do técnico Luizinho Pereira  foi o ponto alto de sua carreira no time. “Gostava muito de jogar no São Lourenço, que no segundão (equipe aspirante), joguei até de goleiro”, lembra.

Túlio jogou no clube por 10 anos, na carreira lembra-se de dois jogos inesquecíveis, o primeiro foi em Analândia em que fez um gol de falta do seu próprio campo e o outro foi em Matão contra o time de Arialva, onde começou uma tabela de cabeça onde foram dados quatro toques e terminou com o gol de Antônio Longuini o Estação e o jogo terminou 5 a 1 para o São Lourenço.
“Foi um verdadeiro gol de placa”, diz.

“Nessa época jogávamos com amor a camisa, e víamos o sacrifício do técnico e dos dirigentes, destaca.

Túlio jogou muitas vezes pela Ferroviária, pois faltava centroavante e a Ferrinha contratava jogadores para atuar em vários jogos, mas o grande amor desde sempre foi o São Lourenço. 




2012
2014

“O São Lourenço não era um saco de pancadas, era considerado um time imbatível”, afirma.
Conta com muita emoção que sente saudade dos velhos tempos em que atuava pelo rubro negro. Era um jogador completo chutava bem com as duas pernas, cabeceava, batia faltas e pênaltis. 
Certa vez em um torneio a final foi decidida nos pênaltis, e na época, eram cobrados três penalidades e só um jogador cobrava. O cobrador oficial era Túlio, que cobrou os três e converteu, o adversário também.
“Fomos cobrando até o entardecer e como não havia iluminação no estádio o título foi decidido no cara e coroa. Era tão pé quente que ganhamos o torneio na moedinha”, recorda.

Em 20 de dezembro de 2019 Túlio faleceu.
 

Sebastião Mariano de Souza (Tião Tatá)



Na época em que era construído o Estádio Municipal de Matão, encontrou com Luizinho Pereira, técnico do São Lourenço, isso aconteceu no fim de 1963 quando tinha 17 anos. Perguntou ao técnico se poderia treinar no clube e foi aceito de imediato, como era uma terça-feira chuvosa não seria realizado o treino, (pois eram realizados as terças e quintas-feiras), porém na quinta se não chovesse seria realizado normalmente. 
E foi o que aconteceu, compareceu treinou na quinta e no Domingo já embarcou com a equipe para Catanduva, a viagem foi de trem, onde o time jogaria contra o Higienópolis.

Tião era volante, posição na qual o titular era Cabelo, de imediato ficou no banco, mas no segundo tempo entrou e fez boa partida agradando o técnico.
Surpreso, conta, “por ser novato e a primeira partida chegar e já jogar mesmo que não de titular foi maravilhoso”, diz.
Em 1964 seu irmão (Zé Tatá), morava em Pindorama, cidade próxima a Catanduva.
Convidou Tião para jogar no time da cidade, o atleta disputou o campeonato amador daquela região. Em 1965/66 jogou o campeonato amador do estado e em 1967 foi para o CAT de Taquaritinga, mais a pedido do Presidente do São Lourenço Sérgio Felício de Souza - Salim e do técnico Luizinho Pereira, voltou para Matão para disputar a 3ª Divisão do Campeonato Paulista pelo São Lourenço.
Para o ex-atleta o que mais marcou em sua trajetória no São Lourenço, foi à disputa do Campeonato Paulista da 3ª Divisão, e o grande jogo disputado foi contra a equipe do Sãomanoelense. 
“Marcante porque o adversário tinha um grande time, com grandes jogadores e mesmo assim o São Lourenço venceu o jogo por 1 a 0, mais infelizmente não se classificou”, lembra.

Em abril de 1969 devido à mudança de sua família de Matão, teve que deixar o clube e foi morar em Tupi Paulista. E pelo time daquela cidade disputou a 2ª Divisão do Campeonato Paulista, em 1970/71/72/73, já em 1974 foi para o Dracena Futebol Clube, cidade próxima. Em 1975/76 se transferiu para Associação Oswaldo Cruz, em Oswaldo Cruz, depois da temporada de 1976 encerrou sua carreira no futebol, por ficar muito tempo longe da família.

Tião fez parte da comissão organizadora da Festa de confraternização do São Lourenço Atlético Clube, e faleceu em 06-05-2023.


Wilson Luiz Bertachini (Moio)



De família tradicional de Matão, Wilson Luiz Bertachini o Moio, em 1946 com 13 anos começou sua trajetória no Glorioso. Tempos difíceis, já que em 1945 terminará a guerra. "Era complicado até para comprar equipamentos esportivos, para isso, eram necessárias fazer rifas e assim angariar fundos para comprar o material", lembra.


Eram tão acostumados a jogar descalços que a primeira vez que usaram chuteiras, não se encontravam em campo e ficou boa parte do jogo atrás do placar, até que veio a ordem do treinador para tirar as chuteiras. E venceram o jogo de virada.

Como grande parte dos atletas trabalhavam, os treinos eram feitos no final da tarde, quando o técnico chegava enchia as bolas e preparava tudo. Mas como o campo de treino era próximo ao rio que corta a cidade (rio São Lourenço), a bola caia no rio demorava porque tinha que entrar para retira-la, sem contar que isso tornava a bola mais pesada e dura, à famosa bola de tento.

O primeiro jogo oficial de Moio fora da cidade foi em Taquaritinga, em uma partida promovido por Edgar Lombardi, cunhado do treinador Luizinho.
 Todos estavam eufóricos por atuar pela primeira vez fora da cidade.


“Em todo o tempo em que o São Lourenço exerceu suas atividades, os times eram muito bons e perder era muito difícil”, afirma.

Quando realizavam jogos fora da cidade os atletas eram transportados de caminhão, que era cedido pela Administração Municipal ou de trem.

Segundo o ex-atleta o melhor time de todos os tempos do São Lourenço era formado por: Enéias, Ogui, Tufic, Everaldo, Dalaqua e Dimer, Antônio Tatá, Moio, Baiano, Omil e Zé Coco.

“Certa vez o Palmeiras veio jogar em Araraquara e o São Lourenço foi convidado para fazer a preliminar contra os aspirantes da Ferroviária, que tinha um bom time e não perdia com facilidade, principalmente em casa. O São Lourenço ficou receoso, a torcida compareceu em peso no estádio. Só que o nosso time não se abateu e venceu o jogo por 2 a 1”, completa.

Moio conta que dentro do clube existem vários momentos, um deles se passa em Santa Adélia, o time era formado em sua maioria por jovens entre 16 e 17 anos e o time da casa já era profissional.

“Quando chegamos à cidade e as pessoas viram a molecada desembarcando do trem, viramos motivo de chacota, ficamos apreensivos, mas quando rolou a bola o time se saiu tão bem e vencemos o jogo por 4 a 1. Como na época a diversão dos finais de semana era o futebol o estádio estava cheio nos barrancos, pois ainda não existiam as arquibancadas e o São Lourenço com sua molecada foi aplaudido pela torcida”, completa.

O atleta enfatiza ainda que um time que enfrentava o São Lourenço de igual pra igual era o Paulista de Araraquara, que contava com jogadores com Dudu (ex-Palmeiras), Dedié, Jarbinhas e Desastre, os jogos eram sempre disputados, 1 a 1, 2 a 2.

Moio sempre foi considerado um Ídolo pelos jogadores mais jovens e até hoje ao se falar de São Lourenço, todos se referem à Moio.

Moio faleceu dia 20 de janeiro de 2018.



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Baiano

Baiano
Hoje aposentado em Matão.

Baiano

Baiano
Em formação com o São Lourenço;

Baiano

Baiano
Arrematando de cabeça, quando jogava pela Ferroviária contra o São Paulo.

Baiano

Baiano
Agora pelo São Paulo, aplicando um belo drible no adversário;

Baiano

Baiano
Na capa de uma revista esportiva da epoca;

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